domingo, 31 de julho de 2011

Brasões, Heráldica, Genealogia

Por que não apresento um brasão de minha família?

Sem esgotar o assunto, algumas definições e após, o comentario.

Brasão é um escudo adornado em volta, colorido, para ser visível à distância como sinal para uma pessoa, um grupo ou instituição (brasão de Família, Cidade, Estado).

Os brasões surgiram no início do século XII para identificar cavaleiros, irreconhecíveis em suas armaduras.

Já a partir do século XIII também passaram a ser utilizados por não cavaleiros (cidadãos, religiosos). Também instituições (Cidades, Bispados, Conventos). Corporações a partir do século XIV.

Como vimos, entre os brasões há os de famílias, nem sempre indicativos de nobreza.

Nem só cavaleiros e nobres utilizavam brasões, pois tinha também utilidade para “selar” documentos (de compra e venda p.ex.), quando muitos ainda não escreviam.

A Heráldica trata das regras sobre como devem ser feitos (com características específicas), os significados dos brasões, e os aspectos jurídicos envolvidos. Para quem se interessa, há várias fontes na internet.

Através da genealogia, podemos conhecer a linhagem e saber se há algum brasão de antepassados. Os descendentes tem então a opção por este brasão.

Não havendo, ou mesmo que haja, pode ser criado um brasão.

É comum a confecção de brasões, e costuma envolver direitos autorais.

Basta acessar a internet e verificar que há muitas opções de entidades que pesquisam e comercializam brasões e histórias familiares. Oferecem diversos formatos, observando as regras de heráldica.

Há muita flexibilidade, e podem ser criados brasões ao bel prazer, para individualizar a si próprio ou seu grupo. Muitas vezes há pequenas modificações, ou são atribuídos brasões existentes quando não há impedimento a isto.

(Curiosamente, na Áustria são proibidos os particulares, desde 1919 com a abolição da nobreza e seus privilégios)

Famílias com o mesmo sobrenome podem ter diferentes brasões, de acordo com as possíveis e diversas linhagens.

Cada linhagem tem sua genealogia.

Neste blog, apesar do tema tratar de famílias, há uma diversidade de assuntos, com duas amplitudes de abrangência.

Uma abrangência mais limitada, relativa à nossa própria linhagem, para a qual não identifiquei algum brasão entre os vários existentes, e de qualquer modo seria restrito em relação aos leitores.

E outra mais ampla, relativa às origens e significados de sobrenomes.

Por esta razão coloquei apenas um escudo referente a Heverle, o mais antigo.

É da época das cruzadas, em que surgiu a adoção de escudos e brasões.
Diz respeito aos primeiros usuários deste sobrenome.
(Aliás, esta linhagem de nobreza se extinguiu.)

Pode ser visto sob número 1181, o escudo e descrição do brasão, sob o nome de Henry d’Heverle.

Henry foi filho de Jean, e há referência sobre uma placa na Abadia do Parque, em Louvain contendo o brasão da família em virtude de doações (ano 1235).

Na continuação também fala que o Castelo de Heverle, foi a residência da primeira família dos Senhores de Heverle (nobres feudais). Assunto tambem já comentado, outras vezes.

Há imagens, inclusive de um documento com o selo de autenticação (símbolo dos Heverle) estranhamente colocado.

Texto na página 90 (em Frances).

Curiosa ilustração duma bandeira Heverle.

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Keberle

Pensei estarem encerrados os comentários relativos a “Keberle”, julgando tratar-se de nome já fora do grupo de similares a Heberle.

Mas em Familysearch vi escrito num registro “ Heberle ou Keberle “. Tambem deparei com estes dados que coloquei em imagem, bem intrigantes. Resolvi por isto, explorar mais um pouco.
(Clique para ampliar).

Rudolf Heberle foi sociólogo que emigrou aos Estados Unidos, por ter desagradado aos nazistas.

Observe que o sobrenome aparece como Rudolf Keberle numa relação da biblioteca da Universidade de Kiel, uma das onde estudou. Em outra relação, como Rudolf Heberle, para a mesma obra, da forma como se tornou conhecido.

Talvez o Keberle seja porque nasceu em Lubeck (veja biografia, em alemão), região com dialeto no qual ocorre muito o “k”, que veio a ser tipicamente “ch” e mesmo “h” em menor número de vezes no alemão clássico.

Aliás,tanto Kiel como Lübeck ficam no Estado de Scleswig-Holstein, bem ao norte da Alemanha, no qual se fala o maior número de dialetos e/ou idiomas, nove.


Dois exemplos comparativos entre Platt” e o "alemão clássico", extraídos nesta fonte.

Sei moal weck'n... → Sag mal welchen

De is dick in sick. → Der ist dick in sich.

Esta a explicação que até agora encontrei para a possível equivalência de Heberle e Keberle, e assim sendo, por extensão Cheberle, sendo ainda do grupo o original Heverle, e Eberle alem de muitas outras variações.

Ao longo dos séculos famílias migraram e sobrenomes se adaptaram. Cabe relembrar que em muitos casos sobrenomes podem ter origem remota em comum.

E ainda, que muitas vezes diferentes famílias podem ter adotado o mesmo sobrenome, especialmente os de origem toponímica, isto é os designativos do lugar de onde vieram ou sobre os quais tinham domínio tal como “de Heverle”.
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cheberle -3 (complemento)

Recebi amistosa mensagem de Luciano A. D. Cheberle, na qual informa que está novamente funcionando o portal da Familia Cheberle.

Afirma que pela tradição oral entre os membros da família, não consta qualquer vinculo com os Cimbri (antigas colonizações teutas, a partir do sec. XI aproximadamente, isto é quando nem existia Alemanha como hoje, e todas estas regiões compunham o Sacro Império Romano Germanico), conforme aventei a possibilidade quando escrevi sobre Cheberle.

No portal há interessantes descrições sobre as origens da Familia Cheberle, segundo pesquisas de familiares. Evidente que seus parentes na Itália estão mais próximos de registros e relatos, até onde estes existem. Evidente tambem que respeito a tradição da família. Apenas levantei uma possibilidade a mais que julgo razoável, uma vez que conclusões definitivas de qualquer maneira são difíceis.

A título de curiosidade, encontrei mais uma menção, relativa à família de Battisti Cheberle, tambem de Pádua, em torno do ano 1700, num texto sobre tecelagem de lã.

Finalmente, já extrapolando o grupo de sobrenomes similares, fui ver se há algum sobrenome na Alemanha com o som parecido com Cheberle, já que não há com a mesma grafia.

Similaridade a partir de equivalentes nos idiomas, como por exemplo temos no caso de "quilo" no portugues, para "chilo" no italiano e "kilo" no alemão, que soam todos parecidos.

Deveriamos ter então para "Cheberle" no italiano, "Keberle" no alemão.

Constatei então que na Alemanha tambem é raro, mas existe, Keberle.

Na distribuição absoluta do sobrenome Keberle, sobressai a cidade de Landsberg am Lech (onde ficou preso Hitler, link em português), no sul da Alemanha (na Baviera).

Entre os bávaros que atravessaram os Alpes e se estabeleceram no que hoje é o norte da Itália (de fala Zimbrisch, Cimbri) pode ter havido algum Keberle. Mais tarde teria seu nome italianizado e se espalhado, como acontecia em geral.

Enfim, vamos aprendendo e tambem conhecendo mais uma tradição de família.

Mais sobre Keberle, em nova postagem.
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domingo, 24 de julho de 2011

Heberle em Alegrete, RS

Segue um complemento ao que comentei sobre os Heberle em São Gabriel (RS).

De modo geral, vários Heberle migraram a novas colonizações assim como o fizeram outros descendentes de imigrantes.

No caso em foco, já filhos de imigrantes assentados em Dois Irmãos (no então município de São Leopoldo), foram a novas áreas próximas na região do Taquari.

Outros foram mais longe, a exemplo de Johann Mallmann e Nicolaus Anton Heberle, que seguiram a São Francisco de Assis, no então município de Alegrete.

(clique para ampliar)


(Dados sobre este Mallmann podem ser encontrados tambem em Família Rockenbach)

Assim reforçamos o fato de que houve estas migrações, o que torna bem factível a tradição oral relativa a João Heberle ter sido levado ainda guri (12 a 14 anos de idade?) a São Gabriel, conforme já foi visto.

Detalhe curioso também é que Nicolaus Anton Heberle, em Alegrete, casou com Candida Júlia de Medeiros, e João Heberle em São Gabriel, casou com Diolinda Leite de Medeiros. Nada tenho sobre se há parentesco entre ambas.
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