quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Heberle - no sul do Brasil

Minhas pesquisas são despretensiosas. Daí que às vezes me permito algumas especulações. Mas, mesmo que em alguns casos na linhagem das descendências falte comprovação documental, levo em consideração aquilo que tenha expressivo conjunto de indícios.

Alguns Heberle, imigraram de forma avulsa, e temos pouca informação sobre estes. É o caso do engenheiro Franz Joseph Alfons Heberle, em Curitiba. Anna Heberle, em Ponta Grossa (alemães da Rússia).

Intrigante também é, o pouco que sabemos sobre Afonso Guaira Heberle, que fez mais de 80 mapas em Minas Gerais. O escritor Guimarães Rosa (autor de "Grande Sertão: Veredas"), o considera saudoso amigo, conforme pronunciamento na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro em 20 de dezembro de 1945. Ver no antepenúltimo parágrafo, ao final da página, neste link. Sobre estes, não sabemos se houve descendentes.

Os Heberle já inseridos em árvore genealógica, são descendentes do casal de imigrantes Johann Heberle e Johanna (ou Janet, no francês) Kuntzler.

Nesta vasta descendência incluo também a ramificação de São Gabriel, RS - muitos dos quais grafam o nome com acento circunflexo no "e" final: Heberlê. Tudo indica que João Heberle, o ancestral destes, é o filho mais novo de Johann Heberle e Johanna Kuntlzer, nascido já no Brasil.

Este João teria sido levado por uma família de estancieiros, ainda muito jovem. Tanto quanto apurei, possivelmente foi deixado com esta família, quando o irmão mais velho Nikolaus e seu amigo o ferreiro Johann Mallmann, foram para Alegrete. Lá Nikolaus Heberle e Johann Mallmann casaram filhas das famílias Medeiros e Rodrigues, em 1850. João Heberle casou em 1867, em São Gabriel, tambem com filha de um Medeiros.

Estes dois Heberle, que foram ao sul do Estado, também são os primeiros casos de misceginação na família. Provavelmente passaram a utilizar a lingua portuguesa mais cedo. Na época, a maioria dos descendentes de alemães casavam com outros da mesma etnia. Até hoje, já na sexta e sétima geração, há muitos que mantem linguajar típico, o dialeto alemão "Hunsrickish" abrasileirado.

Vejamos algumas das migrações de Heberle, que acompanharam os fluxos dos demais alemães, como descrito em outro blog. Facilitam para quem queira encontrar sua linhagem de ascendência.




Acompanhando no mapa:

1 - Núcleo original, onde se instalou o casal de imigrantes com seus filhos, em Dois Irmãos, no então muito vasto município de São Leopoldo.

2 - Depois, os filhos migraram, como os descendentes destes. Limitando-nos aos filhos homens:

Peter (casado com Kaye ou Caye) para Estrela;
João Nicolau (casado com Keller) para Lajeado;

3 - Os outros dois filhos, seguiram para o sul do RS:

Nicolaus Anton, para Alegrete (casou com Candida Júlia de Medeiros).

E João, o mais novo, para São Gabriel (casou com Diolinda Leite de Medeiros).


4 - Grande parte dos descendentes dos que foram a Estrela e Lajeado, se espalharam por colonizações próximas que foram surgindo, como Arroio do Meio, Bom Retiro, e outras.

Peter, que foi a Estrela, teve 4 filhos homens. São descendentes de Peter, os que seguiram pela rota 4 de migrações assinaladas no mapa (região noroeste do RS, Augusto Pestana).

Dos 4 filhos, Guilherme e descendência, permaneceram na maioria em torno de Lajeado, Arroio do Meio, Bom Retiro.

Pedro Heberle Filho (Peter, Johann), Estrela, Bom Retiro, Joaçaba (rota 7);

Nicolau (filho de Peter, filho de Joahann): Entre os descendentes, está Juan Leopoldo, que emigrou para Argentina em 1936 (rota 4.a);

João Heberle Sobrinho (Peter, Johann), sendo 8 filhos homens na terceira geração: João Nicolau, com seus descendentes seguindo a rota 4 (Chamada Serra do Cadeado = Augusto Pestana); Guilherme Augusto, Lajeado; Antonio Marcolino, rota 4; João Silvério (Porto Novo, rota 7); Pedro Adolfo, Estrela e rota 7, Porto Novo = Itapiranga; José Mathias ("o surdo"), rota 4, Augusto Pestana; Antonio Leopoldo, Ijui/ Santo Angelo (rota 4) Adão Aloisio, Lajeado.

5 - João Nicolau, em Lajeado, teve 7 filhos homens.

A maioria dos descendentes, ficaram em municípios próximos. Mas são descendentes de Pedro Victorino, em Arroio do Meio (filho de João Nicolau, filho de Johann), que seguiram pela rota 5 (Ernestina, Passo Fundo, e após ainda São José do Ouro) e também parte no vale do rio do Peixe (rota 7) Joaçaba, Capinzal, Herval do Oeste.

6 - Já na quarta geração, a partir de Augusto Pestana, descendentes de João Nicolau, Antonio Marcolino, José Mathias (filhos de João sobrinho, Peter, Johann), se espalharam em novas colonizações que surgiram, como Tres Passos, Horizontina, por exemplo, no extremo noroeste do Rio Grande do Sul.

7 - Também na quarta geração, filhos de Pedro Adolfo e João Silvério (filhos de João Heberle sobrinho, Peter, Johann) foram a Porto Novo = Itapiranga, assim como acima mencionados foram ao vale do Rio do Peixe (em torno da hoje Jolaçaba).

8 - Já a partir da quinta geração, e vindos principalmente do noroeste do RS, alguns Heberle se radicaram no sudoeste do Paraná;

9 - Tambem a partir da quarta e quinta gerações, intensificou-se a migração de Heberle, das várias linhas de descendência, para as capitais de estados, Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.

10 - Em anos mais recentes, muitos Heberle, das mais variadas regiões procuraram novas oportunidades em colonizações no MS, MT e norte do pais. Já na fronteira sul do Brasil, há mais tempo, descendentes dos que haviam migrado para Alegrete e São Gabriel, passaram a fronteira para o Uruguai.